CAIXINHA DE PROMESSAS

AFINAL O QUE É GRAÇA??

AFINAL O QUE É GRAÇA?

“Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” (Jo 1:17).

Com a lei mosaica vieram as exigências, as regras e os regulamentos.

Em conjunto com aquelas exigências vieram expectativas incômodas, que alimentavam o fogo dos fariseus. Ao adicionar às leis, os fariseus não apenas aumentaram a lista, mas intensificaram a culpa e a vergonha de qualquer pessoa. Obcecados por obrigações, conduta externa e um constante foco apenas sobre o certo e o errado (especialmente na vida dos outros), eles promoveram um sistema por demais exigente, a ponto de não deixar espaço para a alegria.

Isso levou a pronunciamentos duros, de julgamento e até mesmo prejudiciais conforme o sistema religioso que eles promoviam degenerava em simples desempenho exterior em vez de se inclinar na direção da autenticidade interior. A obediência tornou-se uma questão de compulsão amarga, em vez de um alegre transbordar promovido pelo amor.

Mas, quando “a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo”, uma revolução do coração, há muito esperada, começou a libertar os cativos religiosos. O fardo do medo motivado pela culpa foi substituído por nova motivação de seguir a Jesus em verdade, surgida simplesmente por profunda devoção e prazer. Em vez de concentrar-se nas obras da carne, Jesus falou do coração.

Em vez de exigir que o pecador cumprisse uma longa lista de exigências, ele enfatizou a fé, que precisava ser apenas do tamanho de um grão de mostarda.

A mudança significava liberdade, como o próprio Senhor ensinou: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (Jo 8:32). A religião rígida e estéril seria finalmente substituída por um relacionamento orientado pela graça — a graça libertadora. Seus seguidores adoraram isso.

Os inimigos odiaram... e odiaram quem propôs a idéia. Sem dúvida, os primeiros assassinos da graça foram os fariseus.

Entender o que significa graça exige que voltemos a um velho termo hebraico que significava “curvar, dobrar-se”. Com o tempo, passou a incorporar a idéia de “favor condescendente”.

O falecido pastor e estudioso da Bíblia Donald Barnhouse talvez tenha expressado melhor a idéia: “O amor que vai para cima é adoração; o amor que vai para fora é afeição; o amor que se curva é graça”.

Mostrar graça é estender favor ou bondade a alguém que não a merece e que nunca poderá fazer nada para ganhá-la. Receber a aceitação de Deus pela graça sempre se coloca em fortíssimo contraste com a tentativa de obtê-la com base nas obras. Todas as vezes que surge o pensamento sobre a graça existe a idéia de ela ser imerecida.

De modo algum o recipiente está recebendo aquilo que merece. O favor é estendido simplesmente em razão da bondade presente no coração do doador.

Há outra coisa que deve ser enfatizada em relação à graça: ela é absoluta e totalmente gratuita. Nunca será exigido que você pague por ela. Você nem mesmo poderia fazê-lo se tentasse. A maioria de nós tem problemas com essa idéia, porque trabalhamos por tudo aquilo que conseguimos. Como diz o velho ditado: “não existe almoço grátis”.

Mas, nesse caso, a graça vem até nós livre e desimpedida, sem qualquer precondição. Não deveríamos sequer tentar pagar algo por ela; fazer isso é um insulto.

Não seria esquisito, porém, perceber como este mundo está cheio de pessoas que acham que precisam fazer alguma coisa como pagamento para Deus? De alguma maneira, elas estão esperando que Deus lhes dê um sorriso se elas realmente trabalharem com esforço e conquistarem a aceitação divina, mas essa é uma aceitação com base nas obras. Não é assim que funciona com a graça.

Agora que Cristo veio e morreu e, por meio disso, satisfez as exigências do Pai em relação ao pecado, tudo o que precisamos fazer é clamar por sua graça, aceitando o dom gratuito da vida eterna. Ponto final. Deus sorri para nós por causa da morte e da ressurreição de seu Filho. Isso é graça, meu amigo, graça maravilhosa. Isso é suficiente para dar a qualquer pessoa uma face “sim”!

Pense em vários exemplos comigo. Ele se colocou junto de uma mulher pega em adultério. A lei dizia claramente: “Apedrejar tais mulheres”. Os assassinos da graça que prepararam a emboscada para pegá-la exigiam o mesmo. Contudo, Cristo disse àqueles fariseus cheios de justiça própria: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela” (Jo 8:7).

Quanta graça! Debaixo da lei, eles tinham todo o direito legal de sepultá-la debaixo das pedras que tinham nas mãos... e estavam prontos para fazê-lo. Lá estavam eles, com o fogo da justiça própria em seus olhos, mas Jesus interveio com graça.

Meu apelo é que não a limitemos a Jesus. Nós também podemos aprender a ser tão graciosos quanto ele. Uma vez que podemos, devemos sê-lo... não apenas com nossas palavras e em grandes atos de compaixão e compreensão, mas também nas pequenas coisas.

Assim acontece com nosso Senhor. Quando fazemos coisas que não deveríamos, ele pode administrar disciplina, às vezes de maneira bastante severa, mas nunca vira suas costas, ele não manda seus filhos para o inferno! Também não caímos da graça nem somos trancafiados atrás das grades da lei. Ele lida com seus filhos com graça — um favor belo, encantador, imerecido. É realmente maravilhoso!

Sempre haverá alguém — como aqueles que estavam encarando a mulher pega em adultério — que nos pedirá para sermos austeros, rígidos e cruéis. Sim, sempre há uns poucos que preferem apedrejar a perdoar, que votarão a favor do julgamento em vez de pela tolerância.

Mas minha esperança é a de que possamos nos unir ao crescente número daqueles que decidem que a graça como a de Cristo (com todos os seus riscos) é muito mais eficaz, contanto que optemos por ela em todas as situações. Deus honra tal atitude.

(Extratos do livro Despertar da Graça – Charles Swindoll – Ed Mundo Cristão)